O ocaso do lixo no Rio
O Ministério Público já sabe que alguns aterros tidos como sanitários são na verdade lixões disfarçados. O de Santa Maria Madalena é conhecido pelos técnicos que atuam no setor pela operação irregular. A falta de tratamento de chorume, o líquido resultante da degradação do material orgânico, é realidade até mesmo do moderno centro de tratamento de Seropédica. Há quatro meses, a empresa que opera o empreendimento foi multada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). De Seropédica, o chorume viaja até a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Icaraí, em Niterói. Uma solução paliativa e pouco sustentável.
E assim passa o tempo, com o Estado do Rio colecionando soluções emergenciais. Quem paga a conta da má gestão, como sempre, é o contribuinte. A sede dos próximos Jogos Olímpicos tem na Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) um exemplo de empresa eficiente na varrição das ruas e espaços públicos. Como num passe de mágica, toneladas de lixo deixado nas praias "somem" rapidamente. A Comlurb tem um orçamento que ultrapassa os R$ 1,2 bilhão. Numa conta trivial, é como se cada um de nós cariocas reservássemos, todos os meses, R$ 189 para a Comlurb. A companhia, por sua vez, mantém uma coleta seletiva que não atinge 1% do total de lixo gerado na cidade, recolhe muitas vezes lixo de grandes geradores - uma atribuição que não é dela - e não tem promovido campanhas de conscientização ambiental.
Apenas com transparência, fiscalização adequada, políticas de incentivo ao reaproveitamento de recicláveis e cerco implacável a empresas e gestores municipais inidôneos será possível avançar firmemente, sem retrocessos. A quem interessa o panorama atual? Quanto você paga para dar uma destinação correta ao seu lixo? Há incentivo a quem separa os recicláveis do lixo orgânico em casa? As empresas que colocam materiais recicláveis no mercado têm se responsabilizado? Porque a gestão de resíduos não é regulada por uma agência estadual que existe para esta finalidade? O debate é amplo. Mas adiá-lo é empurrar para o lixão qualquer chance de o Rio efetivamente entrar no século XXI.
Fonte: Blog Verde
#lixo
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