Expansão de cidades até 2030 é chance do 'urbanismo verde', diz ONU

Table Mountain, um dos cartões postais da Cidade do Cabo, na África do Sul.  (Foto: Eduardo Carvalho/G1)
Em 18 anos, países emergentes podem criar centros urbanos sustentáveis.
Conservação da paisagem urbana também é importante, afirma relatório.

As áreas urbanas do mundo vão mais que dobrar de tamanho até 2030 e isso será uma oportunidade para construir cidades mais verdes e saudáveis, segundo um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta semana, na Índia.

Medidas simples de planejamento, como a abertura de mais parques, o plantio de árvores e a construção de jardins sobre lajes de prédios, podem tornar as cidades menos poluídas e ajudar na proteção de plantas e animais, especialmente em grandes nações emergentes, como China e Índia, onde o crescimento urbano deve ser mais acelerado, informa o estudo intitulado "Perspectiva das cidades e da biodiversidade".

Cientistas afirmam que nos próximos 18 anos, o planeta será obrigado a urbanizar uma nova área equivalente aos territórios da França, Alemanha e Espanha. O motivo é o crescimento descontrolado da população mundial, aliado a um processo migratório desordenado de pessoas para as zonas urbanas.

É como se nos próximos 18 anos, o mundo necessitasse desenvolver infraestrutura de transportes, energia elétrica, habitação, saneamento básico e outros serviços em uma porção de terra do tamanho do estado brasileiro do Amazonas.

Além disso, ao menos 15% da Mata Atlântica e 2,5% do Cerrado estariam ameaçados por novos aglomerados urbanos e há uma estimativa que 205 espécies de anfíbios, mamíferos e aves (sendo 134 apenas do continente americano) devem ser impactadas por novos projetos globais de desenvolvimento.

Explosão demográfica
A população urbana do mundo deve saltar de pouco mais de 3,5 bilhões atualmente para 4,9 bilhões em 2030, segundo avaliação da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica. Ao mesmo tempo, a área coberta pelas cidades deve crescer 150%, diz o estudo.

"A maior parte desse crescimento deve acontecer em cidades pequenas e médias, não em megacidades", diz o estudo, divulgado por ocasião da COP 11 sobre biodiversidade em Hyderabad, na Índia.

Mais espaços verdes nas cidades podem filtrar a poluição e a poeira e absorver o dióxido de carbono, principal dos gases do efeito estufa. Alguns estudos mostram que a presença de árvores pode ajudar a reduzir a asma e as alergias em crianças que vivem próximas, diz o texto. O estudo salienta também a ampla diversidade de plantas e animais nas cidades.

Cidades x paisagem natural
Varsóvia, por exemplo, concentra 65% das espécies de aves encontradas na Polônia. A Table Mountain (na Cidade do Cabo, África do Sul) e o Parque Nacional Saguaro (em Tucson, Estados Unidos) são citados como outros exemplos de riqueza natural urbana.

"O desenvolvimento urbano sustentável que ampara ecossistemas valiosos representa uma grande oportunidade para melhorar vidas e subsistências", disse o chefe do Programa Ambiental da ONU, Achim Steiner. Uma maior arborização das cidades pode ajudar a resfriá-las no verão, reduzindo o uso do ar-condicionado, diz o texto.

"Recentes estudos salientam a importância dos jardins urbanos, mesmo que pequenos, no fornecimento de um habitat para polinizadores nativos, como abelhas, que vêm declinando em ritmo alarmante nas últimas décadas", disse o estudo.

E o relatório aponta também argumentos imobiliários para uma cidade mais verde. Nos Estados Unidos, "parques urbanos elevam o valor de propriedades residenciais próximas numa média de 5%; parques excelentes podem representar um aumento de 15%", afirma o texto.

Fonte: G1

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