21 de setembro - Dia da Árvore

Botânico Ricardo Cardim junto de árvore mais antiga de São Paulo, uma figueira localizada em Sacomã (Foto: Ricardo Cardim/Arquivo Pessoal)
ONG cria medalha para árvores centenárias que resistem em SP

Campanha da SOS Mata Atlântica quer chamar atenção para preservação.
Árvore mais antiga é figueira por onde Dom Pedro I passou, diz fundação.

Uma campanha pela preservação das árvores mais antigas da cidade de São Paulo está sendo lançada nesta sexta-feira (21) pela fundação SOS Mata Atlântica. Consideradas "veteranas de guerra" por terem sobrevivido à grande urbanização da metrópole, 20 plantas centenárias foram escolhidas para receber medalhas de honra e placas de bronze como agradecimento pelos serviços prestados à população.

A ideia é chamar a atenção das pessoas para estes "monumentos", resquícios da vegetação nativa da capital paulista, a Mata Atlântica, ressalta o botânico Ricardo Cardim, parceiro da fundação e responsável pela escolha das árvores. "Sâo Paulo já teve uma biodiversidade grande, que foi muito destruída com a urbanização", aponta ele. "Essas árvores carregam uma história biológica e cultural da cidade."

As plantas são jatobás, ceboleiros, chichás, figueiras e jequitibás, entre outras, e estão situadas em vários locais, como no Largo do Arouche, no Centro da cidade; no Parque Ibirapuera, na Zona Sul; em uma escola de Santo Amaro, também na Zona Sul; e no Parque do Carmo, na Zona Leste.

A árvore mais antiga documentada na cidade fica no Sacomã, na Zona Sul, segundo a SOS Mata Atlântica. Chamada de figueira-das-lágrimas, ela tem mais de 200 anos, na avaliação de Cardim. O botânico estima que ela seja do final do século 18. "Podemos falar que [a planta] é o mais antigo paulistano vivo, e foi esquecido, jogado em um cantinho."

No local onde está a planta passava, no século 19, a estrada que ligava o Porto de Santos a São Paulo, ressalta a ONG em nota enviada à imprensa. Como a árvore demarcava o fim da capital paulista e servia de referência para despedidas de pessoas que seguiam ao litoral, o seu apelido incluiu as "lágrimas".

Por baixo da copa da árvore passaram soldados da Guerra do Paraguai e inclusive Dom Pedro I, indo para o local da proclamação da Independência em 1822, segundo a nota da SOS Mata Atlântica. "Para dar uma ideia da antiguidade da árvore, ela assistiu Dom Pedro passar", brinca Cardim.

Protetora
A figueira-das-lágrimas tem uma cuidadora, ressalta o botânico, fundador da rede "Árvores de São Paulo". Trata-se de Yara Rodrigues Caldas, de 55 anos, que mora no entorno do local onde está a árvore.

Yara diz passar todos os dias pelo local onde está a figueira-das-lágrimas para limpar e cuidar dela. Ela começou a tomar conta da árvore em 1974, um ano após ter se mudado para a região. "Eu varro todo dia. Tem que cuidar da árvore como a gente cuida da casa da gente", afirma a moradora.

A campanha quer incentivar a população a conhecer e acompanhar as árvores selecionadas, além de permitir o cadastro de outras árvores antigas da cidade.

Pelo site www.veteranasdeguerra.org, é possível se cadastrar e adotar uma das plantas. Os cadastrados podem monitorar a situação das árvores, descrever a situação em que se encontram, incluir fotos, textos e compartilhar nas redes sociais.

Os "padrinhos" das árvores também poderão entregar medalhas virtuais às árvores pela força, perseverança e outras qualidades, além de enviar e-mails para órgãos públicos toda vez que algum problema ou irregularidade afetar uma planta "veterana".

Fonte: G1

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