Poluição por ozônio aumenta em São Paulo no 1º semestre de 2012
Ultrapassagem do padrão cresceu 70%; Mooca foi bairro mais afetado.
Crescimento da frota de veículos e verão mais intenso seriam causas.
As estações que medem a qualidade do ar na Grande São Paulo detectaram que o gás ozônio, poluente formado a partir de substâncias emitidas por veículos e que oferece riscos à saúde, ultrapassou os parâmetros mínimos aceitáveis 227 vezes no primeiro semestre de 2012, 70,6% mais do que no primeiro semestre de 2011 (133 ultrapassagens).O G1 fez o levantamento a partir dos boletins diários da qualidade do ar medida nas 23 estações e divulgados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
O nível máximo de ozônio considerado saudável pela Cetesb é 160 microgramas de ozônio por metro cúbico em um período de uma hora. Esse parâmetro deixou de ser respeitado em 40 dias no primeiro semestre de 2011 e 41 em 2012. Entretanto, neste ano, mais estações acusaram em um mesmo dia a ultrapassagem do padrão. Em Mauá, na Grande São Paulo, o medidor chegou a registrar 287 microgramas no dia 1º de março deste ano. (Veja tabela e mapa abaixo)
O aumento de 70,6% no registro significa que houve aumento na área da Grande São Paulo onde a qualidade do ar deixou de ser classificada como boa ou regular e foi considerada inadequada ou má. No período, quatro estações que não faziam a medição do gás passaram a realizar. Para a saúde, isso significa mais chances de tosse, ardor nos olhos, nariz e garganta e problemas de longo prazo.
O problema foi mais comum no verão, como de costume, já que o ozônio se forma da combinação de poluentes com a energia solar. Por isso, o gás aparece com mais intensidade das 10h e as 16h.
A estação com mais medições de qualidade do ar inadequada ou má foi a Mooca, na Zona Leste, que ficou 28 dias neste ano com qualidade inadequada ou má. É também um dos bairros com menos áreas verdes na capital paulista. Medidas do Ibirapuera e da USP também foram responsáveis por boa parte das marcações. Para a Secretaria do Meio Ambiente, os números não são sinônimo de uma piora na qualidade do ar.
Mas, de acordo com o diretor do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, Paulo Saldiva, o crescimento da frota de veículos está diretamente ligado a esse fenômeno. "Cada vez há mais carros que ficam mais tempo ligados, em razão do trânsito", afirmou. Dados do Detran-SP, a frota de veículos da capital paulista pulou de 7,06 milhões em abril do ano passado para 7,25 milhões em abril deste ano.
O clima também influencia, segundo Saldiva. Nos primeiros três meses deste ano choveu 744,4 mm, frente a 969,2 mm no mesmo período do ano passado, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Evolução
A Secretaria do Meio Ambiente afirmou que a "simples constatação" de aumento do número de estações com ultrapassagens de padrão não representa, necessariamente, um aumento nas emissões de poluentes. "Deve-se realizar uma análise mais específica dos fenômenos meteorológicos ao longo do ano para se ter uma avaliação mais conclusiva", afirmou o órgão.
De acordo com a pasta, "deve-se considerar que o verão de 2012, notadamente o mês de fevereiro e início de março, foi mais quente e com maiores períodos de insolação do que o ano anterior. Uma parte do aumento, 25 ultrapassagens da qualidade, ocorreram em estações que não mediam o ozônio em 2011.
Segundo a secretraia, há várias ações em andamento com vistas a manter a qualidade do ar no Estado, como a fiscalização de indústrias pela Cetesb, a aplicação de programas federais de controle de emissões veiculares, ações de fiscalização e de educação para conscientizar a população da importância de manter os veículos adequadamente regulados. A pasta citou ainda os investimentos em transporte público e o programa de inspeção veicular desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo.
Poluição
A poluição de gerada pela queima de combustíveis na capital paulista produz efeitos ao longo de uma distância de mais de 500 quilômetros, de acordo com o pesquisador Saulo Freitas, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). Imagens de satélite registradas na última quarta-feira (27) pelo centro mostram que o monóxido de carbono avança pelo oceano quando o vento tem sentido zona sul. Já quando o vento está no sentido zona oeste, a influência se dá até o estado do Mato Grosso do Sul.
Fonte: G1
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