Energia nuclear reduz emissões de CO2
Na ocasião, foram discutidas as perspectivas da energia nuclear e as consequências do acidente de Fukushima no setor. Além disso, estiveram em pauta as possibilidades dessa fonte energética no combate ao aquecimento global. Como as usinas nucleares não emitem gases responsáveis pelo efeito estufa, elas têm um grande potencial na mitigação da mudança climática.
Segundo o assistente da Presidência da Eletrobras Eletronuclear Leonam dos Santos Guimarães as emissões de carbono não declinarão antes de 2030, mesmo se a matriz elétrica mundial mudar no presente. Em sua opinião, a solução para o problema não é única. "Será necessário utilizar a energia nuclear e também o gás natural, as energias renováveis, os biocombustíveis e a tecnologia de captura e sequestro de carbono", acrescentou.
Contribuição nuclear
Já o chefe da Seção de Planejamento e Estudos Econômicos da AIEA, Hans-Holger Rogner, ressaltou que há uma pressão mundial para o investimento em opções que não emitam gases responsáveis pelo efeito estufa e possam atender a crescente demanda energética global. Ele disse ainda que a segurança energética é outro ponto que está de volta na agenda política. Para o executivo, a energia nuclear tem uma grande contribuição a dar nessas áreas. "A energia nuclear não é a única solução para mitigar a mudança climática e para promover o desenvolvimento sustentável, mas, certamente, pode ser uma parte integrante dessa solução", comentou.
A opinião de ambos é compartilhada pelo chefe da Divisão de Desenvolvimento Nuclear da NEA, Ron Cameron. Ele destacou que é preciso descarbonizar as economias do mundo, e que a energia nuclear é parte importante do leque de soluções disponíveis. "Entre 1971 e 2004, a energia nuclear evitou emissões cumulativas de 58 gigatoneladas e carbono, em substituição a fontes de combustíveis fósseis. As dúvidas quanto ao investimento na energia nuclear - juntamente com o atraso na adoção da captura e sequestro de carbono - tornará ainda mais difícil impedir que a temperatura da terra aumente em apenas 2º centígrados (considerado por cientistas o limite aceitável para evitar mudanças drásticas no clima do planeta)", frisou.
Para Leonam, da Eletronuclear, além da mudança climática, a segurança do abastecimento e a volatilidade dos combustíveis fósseis representam desafios para a nossa sociedade. "Não há panaceia. Todas as fontes serão necessárias para atender a demanda por energia elétrica do planeta. Ainda mais se queremos reduzir o uso dos combustíveis fósseis", resumiu.
Consequências de Fukushima
Mas, com o acidente de Fukushima, o setor vive hoje um período de questionamento público e de reavaliação da segurança das usinas nucleares e de sua capacidade de resistir a catástrofes naturais extremas, como terremotos e tsunamis. Para Ron Cameron, da NEA, no médio prazo, o ritmo de desenvolvimento da energia nuclear será reduzido. Isso porque a opinião pública foi fortemente afetada - o que levará algum tempo para ser revertido - e as lições do episódio precisam ser aplicadas nas usinas nucleares existentes e nas unidades que estão em construção. Além disso, ameaças externas à operação das usinas precisam ser revaliadas.
Entretanto, no longo prazo, vários fatores estão a favor da energia nuclear. Primeiramente, a demanda energética deve triplicar até 2050. Além disso, há a necessidade de se reduzir as emissões de carbono. Por último, o risco geopolítico também se mantém alto para a utilização do petróleo e, potencialmente, do gás natural.
Para Cameron, a maior parte do crescimento nuclear acontecerá na Ásia, especialmente, na China e na Índia, países que tem poucas outras opções energéticas e têm mantido ambiciosos programas nucleares. Atualmente, 68% das novas usinas nucleares estão sendo construídas nesse continente, segundo informações da AIEA. "A energia nuclear vai crescer primeiro no Oriente para depois voltar a florescer no Ocidente", analisou.
Liberação de material radioativo em Fukushima foi quase seis vezes menor que em Chernobyl
A Tokyo Electric Power Company (Tepco) divulgou que a quantidade de material radioativo liberado da central nuclear Fukushima Daiichi no acidente ocorrido em março de 2011 foi de cerca de 900 petabecquerels (PBq). Esse número é quase seis vezes menor que o verificado no acidente de Chernobyl, que aconteceu em 1986, na antiga União Soviética, e resultou na liberação de 5.200 PBq, segundo dados da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Os dados da Tepco se referem ao período de 12 a 31 de março de 2011. Os períodos posteriores não foram incluídos na avaliação porque responderam por menos de 1% do material radioativo liberado para o meio ambiente. Do total liberado, 20% vieram da unidade 1; 40%, da unidade 2; e 40%, da unidade 3.
A empresa também divulgou dados sobre a liberação de material radioativo no oceano de 26 de março a 30 de setembro de 2011. A quantidade estimada é de 11 PBq de iodo-131; 3,5 PBq de césio-134; e 3,6 PBq de césio-137.
De acordo com a Tepco, houve contaminação extensiva na vila de Itate, localizada a cerca de 40 km a noroeste de Fukushima Daiichi. Essa contaminação foi derivada, principalmente, da liberação de 160 PBq ocorrida quando a pressão do reator da unidade 2 aumentou e a contenção primária foi danificada, em 15 de março de 2011. O vento soprou na direção Noroeste naquela tarde, e a chuva caiu durante a noite, aumentando o grau de contaminação do solo naquela localidade, afirmou a companhia. A maior liberação, de 180 PBq, aconteceu em 16 de março de 2011 e esteve associada a uma queda brusca de pressão no reator da unidade 3.
Ainda segundo a Tepco, pouco material radioativo foi lançado ao meio externo pela emissão controlada de radionuclídeos realizada pela empresa nos reatores ou pelas explosões de hidrogênio que avariaram as unidades 1, 2 e 3.
Fonte: Diário do Vale
#energianuclear
Comentários
Postar um comentário