50% temem que Brasil seja atacado por causa da Amazônia, diz Ipea
Fonte: G1
Pesquisa foi feita com 3.796 pessoas em todo o país; margem de erro é 5%. Foi 1ª pesquisa realizada pelo Ipea de percepção sobre segurança nacional.
Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (15) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que 50% dos entrevistados acreditam "totalmente" ou "muito" que nos próximos 20 anos o Brasil será alvo de agressão militar estrangeira em função de interesses sobre a Amazônia. Outros 45% creem que o Brasil poderá ser atacado por causa das bacias do pré-sal.
Os dados integram o Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) do Ipea, que, nesta edição, mediu o temor da população a ameaças. Segundo o Ipea é a primeira vez que o instituto analisa o temor da população sobre questões de segurança nacional.
Foram ouvidas 3.796 pessoas nos 26 estados e Distrito Federal. A margem de erro é de 5%, informou o Ipea, instituto vinculado à Presidência da República.
Para os pesquisadores do instituto, a quantidade de pessoas que teme conflitos relacionados à Amazônia ou ao pré-sal é "surpreendente", principalmente se comparado com outros números que mostram que, em ambos os casos, apenas cerca de 30% dos entrevistados descarta a ocorrência de um conflito por estes motivos. Os que acreditam "razoavelmente" na possibilidade de guerra são 17%.
Os pesquisadores destacaram também o fato de que na região Norte o percentual dos que temem "muito" os conflitos na Amazônia é de 66%.
"O percentual dos que estão na Amazônia, na região Norte, é muito alto. Ainda que isso [conflitos militares] não esteja no cotidiano, há uma mensagem clara de que essa preocupação já existe e fica maior ainda para o futuro", disse o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Edison Benedito.
Para a chefe da assessoria técnica da presidência do Ipea, Luciana Acioly, os números mostram que a população está mais atenta a temas ligados ás riquezas do país, especialmente por causa da discussão sobre a divisão das receitas do petróleos, os royalties, que acontece no Congresso.
Além disso, as pessoas tem percebido a maior importância do Brasil no cenário internacional, de acordo com Luciana.
"Esse protagonismo brasileiro, essa importância que o Brasil está ganhando no mundo leva a população a perceber quais as encruzilhadas em que nos encontramos", afirmou.
A pesquisa mostrou também que 34% dos entrevistados temem que o Brasil entre em guerra com outro país. Quando indagado sobre os países que representam ameaça, a maioria (37%) citou os Estados Unidos. O país, porém, foi também o mais citado (32%) como possível aliado.
"As pessoas ainda se veem ameaçadas com pais que tem capacidade militar sem paralelo. Ao mesmo tempo, as empresas americanas exportam, investem e a possibilidade de parceria é muito elevada. Essa ambiguidade decorre da variedade e da versatilidade do poder dos EUA", disse o técnico de pesquisa e planejamento, Rodrigo Fracalossi.
Além do temor de guerra, os entrevistados responderam que têm medo do crime organizado (54%), como tráfico de drogas e armas, de desastres ambientais ou climáticos (38%), de epidemias (30%) e terrorismo (29%).
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