Inpe fará parceria com Nasa em programa que monitora o clima

Fonte: G1
Satélite do GPM, em construção na Nasa (Foto: Nasa/Goddard/Rebecca Roth)

GPM usa satélites para medir chuvas e prever o tempo em todo o mundo.
Outros dois projetos conjuntos serão discutidos em visita de diretor da Nasa.


O astronauta Charles Bolden, diretor da Nasa, vem ao Brasil nesta quinta-feira (27) para debater com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) a cooperação num programa que monitora o clima em todo o planeta, entre outros assuntos.
Os institutos dos EUA e do Brasil vão assinar uma carta de intenção. “A carta de intenção sinaliza que Nasa e Inpe têm interesse em parcerias”, revela Marco Antônio Chamon, coordenador de gestão tecnológica do Inpe.
O principal assunto da reunião, que acontece em São José dos Campos (SP), será o GPM, sigla em inglês para Medidas Globais de Precipitação. O projeto foi idealizado pela agência espacial japonesa – Jaxa – e pela Nasa para estudar as chuvas.
“O objetivo é ter uma constelação de satélites para medir chuvas no mundo todo”, explica Chamon. O Japão terá o satélite principal, chamado de nave mãe, e os EUA entrarão com satélites menores. Juntos, eles fornecerão uma base de dados global.
A Jaxa e a Nasa colocarão esses dados à disposição de outras agências que quiserem se tornar parceiras. Em contrapartida, essas agências ajudarão a desenvolver o projeto, seja por meio de softwares específicos ou de experimentos em terra que complementam a atuação dos satélites.
Inicialmente, o Brasil queria lançar um satélite em parceria com os EUA para participar do programa. O Inpe entraria com a plataforma e a Nasa ajudaria com componentes de alta tecnologia. Os norte-americanos rejeitaram a proposta porque já estavam iniciando o projeto e não quiseram parceiros nessa área.
Depois, a mesma parceria foi acertada com a agência espacial francesa, mas, por cortes orçamentários no país europeu, ela foi cancelada no fim de 2009. Em 2010, a Nasa procurou novamente o Inpe para retomar a parceria, mas, também por problemas financeiros, voltou a abandoná-la.
Por isso, é difícil saber exatamente o que virá de novo com o documento que será assinado nesta quinta. A carta de intenção é, nas palavras do próprio Chamon, “bastante ampla”. O Brasil continua com interesse em lançar um satélite para participar do GPM, mas não tem um parceiro internacional.
Outros projetos
A carta de intenção inclui ainda uma cooperação entre Brasil e EUA num projeto que estuda a composição atmosférica e a situação da camada de ozônio. Os equipamentos que fazem a medição já existem, são norte-americanos e são lançados em balões. O Brasil participa cedendo a infraestrutura, pois nosso território possui regiões que facilitam o lançamento.
Também deve discutida uma parceria para o lançamento do satélite GTEO, sigla em inglês para Observatório Global do Ecossistema Terrestre, um projeto que ainda está no papel. Esse satélite usará uma tecnologia inovadora, que permite analisar a terra física e quimicamente, para estudar o solo e os ecossistemas.
“Vamos mencionar ao Bolden [diretor da Nasa] que este é um tema de interesse ao Brasil”, aponta Chamon. Segundo ele, o projeto já foi aprovado pela AEB e deve ter a resposta oficial da Nasa até fevereiro do ano que vem.
Parcerias em andamento
O Brasil hoje não tem nenhum satélite no espaço, mas algumas parcerias estão em andamento. Com a China, está sendo feito um para obter imagens de superfície. Com a Argentina, um para observar os oceanos. Há ainda a ideia de elaborar, com Índia e África do Sul, um que estude a ionosfera, região da atmosfera que tem carga elétrica e pode interferir nos sinais de satélite.
O Brasil também não tem foguetes capazes de lançar satélites ao espaço. Esse projeto está sendo feito em parceria com a Ucrânia.
Satélite CBERS-3, parceria entre o Brasil e China (Foto: Inpe/Divulgação)

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