Relatório da OMS diz que Grande Rio tem ar mais poluído que Grande SP
Fonte: G1
Órgão da ONU usou dados de 2009 fornecidos pelos governos estaduais.
Relatório divulgado nesta segunda-feira (26) pela Organização Mundial de Saúde, que aborda a contaminação do ar nas principais cidades do mundo, aponta que o nível de poluição atmosférica da Região Metropolitana do Rio de Janeiro é quase duas vezes maior ao da Região Metropolitana de São Paulo e ainda supera grandes cidades como Nova York, Londres e Paris.
Segundo o estudo, que usou dados atmosféricos entre 2003 e 2010 coletados em 1.100 regiões de 91 países, aferidos por órgãos de governo responsáveis pela medição do ar, enquanto o ar da RM do Rio concentra 64 microgramas de material particulado por metro cúbico, a medição da RM de São Paulo apresentou 38 microgramas por metro cúbico.
Apesar da comparação, as duas regiões estão com níveis de poluição acima do limite estipulado pela OMS, que é de 20 microgramas por metro cúbico.
Tal fato é preocupante, já que a organização informou que 2 milhões de pessoas morrem anualmente devido a problemas decorrentes da contaminação do ar, sendo que este número poderia ser reduzido se políticas públicas ambientais fossem aplicadas de forma rígida e fiscalizadas, de acordo com o relatório. A OMS aponta como causa a grande quantidade carros nas zonas urbanas e a alta concentração da indústria.
Comparação
As duas macrorregiões, que juntas abrangem 59 cidades, têm índices de poluição superiores aos de grandes cidades de países considerados desenvolvidos.
As duas macrorregiões, que juntas abrangem 59 cidades, têm índices de poluição superiores aos de grandes cidades de países considerados desenvolvidos.
Londres, na Inglaterra, tem índice atmosférico de 14 microgramas por metro cúbico. Já Nova York, nos Estados Unidos, registrou entre o período de 2003 e 2009 a média anual de 21 microgramas de material particulado por metro cúbico. A pesquisa ainda utilizou dados coletados em Belo Horizonte (20 microgramas por metro cúbico) e em Curitiba (29 microgramas por metro cúbico).
No ranking, a cidade mais poluída é Ahwaz, no Irã. De acordo com o relatório da OMS, a partir de informações do Departamento de Meio Ambiente da cidade, o índice de contaminação do ar é 372 micrograma por metro cúbico.
CritériosA Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), responsável pela medição de poluentes na atmosfera nas cidades paulistas, informou desconhecer os critérios utilizados pela OMS para se chegar ao índice de contaminação do ar apresentado no estudo. A instituição preferiu não comentar o resultado.
Segundo Carlos Fonteneles, diretor de informação e monitoramento ambiental do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão ambiental do Rio de Janeiro, a metodologia empregada pela OMS foi errada, já que os níveis de poluição do Rio vinham de estações de medição semi-automáticas, enquanto que os de São Paulo originavam de estações automáticas.
"A diferença se dá na concentração das emissões. Enquanto uma máquina semi-automática as por 24 horas, em um intervalo de seis dias, o equipamento automático grava como os dados de poluição atmosférica a cada hora. O filtro das estações do Rio estavam com mais poluentes por conta desta forma de funcionamento", afirmou.
Políticas públicas
De acordo com Paulo Artaxo, coordenador do laboratório de física atmosférica da Universidade de São Paulo, é difícil a cidade do Rio de Janeiro concentrar níveis de poluição mais altos que São Paulo, já que o município está próximo ao mar.
De acordo com Paulo Artaxo, coordenador do laboratório de física atmosférica da Universidade de São Paulo, é difícil a cidade do Rio de Janeiro concentrar níveis de poluição mais altos que São Paulo, já que o município está próximo ao mar.
“(O Rio) não tem esse nível de poluição tão alto, porque a cidade é abastecida por ventos do Oceano Atlântico, que dispersam os poluentes. Este fato não acontece em São Paulo, que tem um crônico problema com transporte público e alta concentração de indústrias”, disse.
Entretanto, Artaxo afirma que isto não isenta o Rio da responsabilidade de emissões de poluentes superiores aos limites impostos pela OMS.
“Na região central da cidade, por exemplo, próximo à avenida Rio Branco e à região da estação Central do Brasil, há uma forte concentração de veículos, ônibus que soltam fumaça proveniente da queima do diesel. Não podemos dizer que estamos em uma situação extraordinariamente boa a ponto de considerar o ar adequado”, explica.
“Independente se os números que saem no relatório são precisos ou não, o ponto mais importante é o alerta da organização para a criação de políticas de controle de emissões atmosféricas mais eficientes”, conclui.
Região Metropolitana do Rio de Janeiro (19 cidades) | 64µg/m³ |
Região Metropolitana de São Paulo (39 cidades) | 38 µg/m³ |
Paris (França) | 38 µg/m³ |
Nova York (Estados Unidos) | 21 µg/m³ |
Londres (Inglaterra) | 14 µg/m³ |
Comentários
Postar um comentário