Indústria da cana ganha 1ª. certificação sustentável
Fonte: Planeta Sustentável
Com critérios que levam em conta a eficiência de matérias-primas, energia e água, e o cumprimento de leis e de direitos humanos, a certificação voluntária Bonsucro UE tem a promessa de tornar mais sustentável a cadeia produtiva da cana de açúcar e seus derivados
Algumas das mais interessantes soluções sustentáveis para o meio ambiente vêm da indústria da cana de açúcar. A fermentação do melaço da planta dá origem ao etanol, que, além de ser fonte de energia menos emissora para os automóveis, pode substituir derivados do petróleo na produção de plásticos verdes. Da queima do óleo da cana vêm outros biocombustíveis, como o biodiesel. Ainda, a queima do bagaço ou da palha de cana é uma forma de gerar eletricidade e evitar a combustão de fontes não renováveis e mais poluentes, como o carvão ou o gás natural.
Mas há uma contradição: mesmo oferecendo soluções verdes, a cadeia produtiva dessa mesma indústria ainda é conhecida por práticas totalmente insustentáveis. Jornadas de trabalho extensas, mão-de-obra infantil ou análoga à escravidão, contaminação do solo pelo uso de herbicidas e estrutura precária dos canaviais são algumas delas. Porém, em breve, esse cenário deve mudar e essa indústria amenizará seus impactos. Isso porque surge a primeira certificação sustentável para o setor.
Criada pela Bonsucro - Better Sugar Cane Initiative, uma organização sem fins lucrativos que reúne empresas e ONGs, a certificação deverá garantir práticas econômica, social e ambientalmente sustentáveis na cadeia produtiva de cana de açúcar e derivados. "O objetivo é muito simples: transformar o mercado da cana estabelecendo padrões para essas questões. Como cada país tem sua realidade social e ambiental, não podemos estabelecer regras, mas sim que metas sejam atingidas", afirmou Kevin Ogorzalek, presidente da Bonsucro, em apresentação da certificação para a imprensa, em São Paulo, esta semana.
A ideia é que a indústria, ao aderir voluntariamente ao selo Bonsucro, estimule o mercado e os consumidores a exigi-lo. E qual o poder que ele terá? "A produção transparente facilitará a escolha dos consumidores. E se um fornecedor não tiver certificação ele pode ser trocado por um que tenha", exemplificou Kevin.
Para obter a certificação, primeiro, a empresa deve se tornar membro da Bonsucro. Já fazem parte do grupo empresas como Coca-Cola, Unilever e Shell, além de usinas e fazendas de cana de açúcar e ONGs como a WWF. Então, essas empresas devem produzir - ou trabalhar com fornecedores que produzem - de forma a atender 80% dos 50 padrões exigido pela certificação. Eles se dividem em cinco princípios:
- cumprimento da lei;
- respeito aos direitos humanos e trabalhistas;
- gerenciamento de eficiências de insumo, produção e processamento de modo a aumentar a sustentabilidade;
- gerenciamento ativo da biodiversidade e serviços do ecossistema;
- melhoria constante das áreas chaves do negócio.
"Cumprir 80% das metas já representa um alto desempenho, maior do que a maioria das usinas ou fazendas cumpre atualmente", afirmou Kevin. Entre os critérios a serem seguidos, alguns sãoobrigatórios, como:
- cumprir com a convenção da OIT- Organização Internacional do Trabalho que regem o trabalho infantil e forçado, a liberdade de associação e o direito de negociação de convenções coletivas;
- pagar pelo menos o salário mínimo nacional aos trabalhadores, inclusive os imigrantes;
- avaliar seu impacto na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos e
- realizar avaliação de impacto socioambiental em caso de novos projetos de cana de açúcar.
Também há critérios sobre economia de água, uso eficiente de matéria-prima e energia. Todos foram desenvolvidos de acordo com o Guia de Boas Práticas ISEAL - organização global para padrões sociais e ambientais - e preenche os requisitos da FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação para os setores socioeconômico, ambiental e governamental.
Para ajudar fazendeiros e usineiros a se adaptarem, a Bonsucro desenvolveu algumas ferramentas de avaliação própria, que identificam suas falhas, demandas e oportunidades para melhoria, além de uma calculadora de emissão de gases do efeito estufa e um site, em que o mercado será conectado e poderá expor suas experiências.
A expectativa é a de que, até 2015, pelo menos 20% do mercado global passe pela certificação. No Brasil, a Raízen, empresa joint venture que produz etanol e açúcar, está se adaptando para receber a certificação. Além do brasileiro, mercados de países como Colômbia, Tailândia, Índia, Etiópia, Austrália e República Dominicana devem se beneficiar.
Mas há uma contradição: mesmo oferecendo soluções verdes, a cadeia produtiva dessa mesma indústria ainda é conhecida por práticas totalmente insustentáveis. Jornadas de trabalho extensas, mão-de-obra infantil ou análoga à escravidão, contaminação do solo pelo uso de herbicidas e estrutura precária dos canaviais são algumas delas. Porém, em breve, esse cenário deve mudar e essa indústria amenizará seus impactos. Isso porque surge a primeira certificação sustentável para o setor.
Criada pela Bonsucro - Better Sugar Cane Initiative, uma organização sem fins lucrativos que reúne empresas e ONGs, a certificação deverá garantir práticas econômica, social e ambientalmente sustentáveis na cadeia produtiva de cana de açúcar e derivados. "O objetivo é muito simples: transformar o mercado da cana estabelecendo padrões para essas questões. Como cada país tem sua realidade social e ambiental, não podemos estabelecer regras, mas sim que metas sejam atingidas", afirmou Kevin Ogorzalek, presidente da Bonsucro, em apresentação da certificação para a imprensa, em São Paulo, esta semana.
A ideia é que a indústria, ao aderir voluntariamente ao selo Bonsucro, estimule o mercado e os consumidores a exigi-lo. E qual o poder que ele terá? "A produção transparente facilitará a escolha dos consumidores. E se um fornecedor não tiver certificação ele pode ser trocado por um que tenha", exemplificou Kevin.
Para obter a certificação, primeiro, a empresa deve se tornar membro da Bonsucro. Já fazem parte do grupo empresas como Coca-Cola, Unilever e Shell, além de usinas e fazendas de cana de açúcar e ONGs como a WWF. Então, essas empresas devem produzir - ou trabalhar com fornecedores que produzem - de forma a atender 80% dos 50 padrões exigido pela certificação. Eles se dividem em cinco princípios:
- cumprimento da lei;
- respeito aos direitos humanos e trabalhistas;
- gerenciamento de eficiências de insumo, produção e processamento de modo a aumentar a sustentabilidade;
- gerenciamento ativo da biodiversidade e serviços do ecossistema;
- melhoria constante das áreas chaves do negócio.
"Cumprir 80% das metas já representa um alto desempenho, maior do que a maioria das usinas ou fazendas cumpre atualmente", afirmou Kevin. Entre os critérios a serem seguidos, alguns sãoobrigatórios, como:
- cumprir com a convenção da OIT- Organização Internacional do Trabalho que regem o trabalho infantil e forçado, a liberdade de associação e o direito de negociação de convenções coletivas;
- pagar pelo menos o salário mínimo nacional aos trabalhadores, inclusive os imigrantes;
- avaliar seu impacto na biodiversidade e nos serviços ecossistêmicos e
- realizar avaliação de impacto socioambiental em caso de novos projetos de cana de açúcar.
Também há critérios sobre economia de água, uso eficiente de matéria-prima e energia. Todos foram desenvolvidos de acordo com o Guia de Boas Práticas ISEAL - organização global para padrões sociais e ambientais - e preenche os requisitos da FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação para os setores socioeconômico, ambiental e governamental.
Para ajudar fazendeiros e usineiros a se adaptarem, a Bonsucro desenvolveu algumas ferramentas de avaliação própria, que identificam suas falhas, demandas e oportunidades para melhoria, além de uma calculadora de emissão de gases do efeito estufa e um site, em que o mercado será conectado e poderá expor suas experiências.
A expectativa é a de que, até 2015, pelo menos 20% do mercado global passe pela certificação. No Brasil, a Raízen, empresa joint venture que produz etanol e açúcar, está se adaptando para receber a certificação. Além do brasileiro, mercados de países como Colômbia, Tailândia, Índia, Etiópia, Austrália e República Dominicana devem se beneficiar.
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