Até 60% da madeira tirada da Amazônia é desperdiçada, diz MMA

Fonte: G1
Madeiras encontradas em estabelecimento durante operação feita pela Polícia Ambiental de São Paulo (Foto: Divulgação/Polícia Ambiental de SP)

Ministério do Meio Ambiente pede mais eficiência das madeireiras.
Por ano, 17 milhões de árvores da região são 
beneficiadas em serrarias.


Um representante do ministério do Meio Ambiente pediu nesta quarta-feira (29) que empresários do setor madeireiro reduzam o desperdício no beneficiamento de madeira extraída da floresta amazônica, com perda de até 60% do total da tora durante o processo de serragem.

Durante evento que divulgou balanço do programa ‘Madeira é Legal’, liderado pelo governo paulista e organizações ligadas à construção civil no estado, Hélio Pereira, gerente do Programa Nacional de Florestas do MMA, afirmou que a perda durante o beneficiamento das toras é alta. O processo é necessário para se chegar ao produto serrado, matéria-prima para construtoras.
Pereira disse que o combate ao desperdício poderia reduzir a derrubada de árvores voltada para abastecer o mercado interno e externo de madeira. 
Por ano, 17 milhões de metros cúbicos de árvores (cerca de 17 milhões de exemplares de diversas espécies) são retirados da região de floresta. No estado de São Paulo, que consome 15% do total vindo da Amazônia, a perda durante o beneficiamento chega a um milhão de toras.
“É necessária uma conscientização do consumidor e do madeireiro. Este último deveria se preocupar mais com o grau de tecnologia em sua empresa para combater o desperdício”, afirmou.
Replantio
Ainda segundo ele, devido ao aquecimento da economia nacional e, consequentemente, aumento da demanda por madeira, será necessário investir em mais áreas de florestas plantadas. O objetivo é evitar o aumento da derrubada de árvores, que poderia afetar políticas nacionais voltadas ao combate do desmatamento e à redução de emissões de CO2.
“Hoje temos 6,3 milhões de hectares de florestas plantadas (63 mil km², uma área que é quase três vezes o tamanho do estado do Sergipe) com destinação definida, como produção de papel e celulose. Mas ao longo dos próximos dez anos, devido às oportunidades e demandas, será necessário aumentar em três vezes essa área de plantio. Espaço nós temos, que são os locais onde a floresta já foi degradada. Somente assim não será necessário derrubar mais mata nativa”, disse Pereira.
De acordo com Dimitrius Palegogos, vice-presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Madeiras do Estado de São Paulo (Sindimasp), o desperdício é necessário, entretanto ele fica apenas na ‘teoria’. “Acaba acontecendo (o desperdício), mas essa madeira ‘perdida’ é reaproveitada em subprodutos voltados ao setor de energia, por exemplo”, disse.
Madeira LegalPalegogos e outros representantes divulgaram no encontro o balanço de dois anos do programa “Madeira é Legal”, iniciativa da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) que combate em São Paulo a venda de madeira extraída de forma ilegal na Amazônia.
Criado em 2009, o sistema conta com 300 madeireiras cadastradas, além de fiscalização reforçada pela polícia nas serrarias e nas estradas que cortam o estado, evitando o transporte clandestino. “Nesses dois anos, houve uma redução de aproximadamente 70% nos flagrantes de venda e transporte ilegais”, disse Palegogos.
Uma das formas de aumentar a participação das empresas no programa foi obrigar o governo do estado e as prefeituras a comprar matéria-prima somente de quem cumprisse requisitos do “Madeira Legal”.  “Alguns municípios criaram legislações voltadas para isso”, disse Carlos Eduardo Beduschi, do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da SEMA.

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