O rosto nada bonito do desperdício

Fonte: O Dia

Relatório de agência ligada à ONU revela que um terço da comida produzida no planeta acaba parando no lixo, apesar da fome mundial

Rio - Num mundo em que 925 milhões de pessoas sofrem de “fome crônica”, cerca de um terço dos alimentos produzidos por ano vai parar no lixo. Essa é a conclusão de um estudo divulgado este mês pela agência da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO). Além de envergonhar governos, agricultores, comerciantes e cidadãos em geral, o desperdício em larga escala causa problemas ambientais.

Segundo a FAO, 1,3 bilhão de toneladas de alimento são desperdiçados por ano — mesmo peso de todos os grãos coletados no planeta. O relatório também traçou um perfil de como países em desenvolvimento e desenvolvidos acabam descartando a comida.

Nas nações mais pobres, a maior parte dos alimentos é descartada em processos de produção e transporte. Já nos países ricos, como os EUA, as maiores perdas acontecem depois que os alimentos já foram adquiridos pelos consumidores. Muita comida acaba sendo jogada fora ainda dentro de seu prazo de validade.

Tudo isso também causa impactos no Meio Ambiente. “Grande parte dos recursos empregados na produção de alimentos é usada em vão, e os gases que provocam o efeito estufa também são emissões em vão”, afirma trecho do relatório. A produção de alimentos é responsável por um terço da emissão mundial de gases do efeito estufa, que causam o aquecimento global. Diminuindo o desperdício, seria viável reduzir as mudanças climáticas. E, ainda, com menos alimentos desperdiçados, o volume de lixo descartado de forma incorreta seria menor.

A FAO recomenda aos agricultores de países pobres otimizarem processos, e aos consumidores de países ricos, mais consciência. Afinal, nem todo mundo tem a criatividade do artista plástico Vik Muniz, que transformou em 1999 as sobras de uma macarronada na obra ‘Medusa marinara’, que ilustra esta página. “A obra não tinha nenhuma ideologia por trás. Foi relacionada a uma pintura de Caravaggio. Mas é bom saber que um resto de comida pode ser aproveitado”, diz Vik.

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