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Estádios da Fifa deverão ser sustentáveis
Fonte: Débora Spitzcovsky - Planeta Sustentável
Nova norma estabelece que, para serem homologados pela Fifa, estádios deverão possuir certificado de construção sustentável. No Brasil, para acelerar o processo, o BNDES está oferecendo vantagens de financiamento para as obras das arenas esportivas que estão alinhadas com os princípios estabelecidos para esse tipo de construçãoOs grandes impactos da construção civil no meio ambiente já não são segredo para ninguém: de acordo com dados da ONG GBC-Brasil - Green Building Council Brasil*, o setor é responsável por 65% da produção anual de lixo do país, além de responder por 25% das emissões de CO2e e 41% do consumo de energia elétrica. Para tentar mudar essa realidade, muitos movimentos no Brasil e no mundo defendem os princípios da construção sustentável e, agora, até mesmo a Fifa - Federação Internacional de Futebol está aderindo à causa.
A mais nova exigência do Caderno de Encargos da Fifa, para os estádios que têm a pretensão de serem homologados pela Federação, é que as arenas esportivas possuam certificado internacional que ateste que suas obras foram realizadas em alinhamento com os princípios da construção sustentável. A certificação ainda deverá ser emitida por um dos três principais selos verdes do ramo: o Green Star, o Green Globes ou o Leed - Leadership in Energy and Environmental Design*, que no Brasil é concedido pela GBC.
Paralelo a isso, o BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social divulgou outra novidade que promete incentivar ainda mais o setor da construção sustentável: a instituição acaba de criar duas linhas de crédito - uma para arenas esportivas e outra para hotéis - que oferece vantagens de financiamento para as obras comprometidas com os princípios da construção responsável.
As novidades parecem, mesmo, ter despertado o interesse do setor esportivo pelas obras sustentáveis: cinco dos 12 estádios brasileiros que foram escolhidos para sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014 já entraram com pedido para certificação Leed. "O primeiro foi o Mané Garrincha, em Brasília, que já possuía projetos que seguem essa linha de atuação. Em seguida, vieram os outros estádios, que ficam em Cuiabá, Belo Horizonte, Manaus e Salvador", contou Marcos Casado, gerente-técnico da GBC-Brasil, que ainda completou: "Há uma sexta arena esportiva que entrou com pedido de certificação Leed, mas não foi eleita para sediar os jogos de 2014: a do Grêmio, em Porto Alegre. Lá, o Internacional - que é privado e ainda não demonstrou interesse no selo Leed - foi eleito como estádio-sede da Copa, mas acredito que ele corre o risco de perder esse posto para o Grêmio, exatamente por conta dessa questão da construção sustentável".
BENEFÍCIOS PÓS-COPA DO MUNDO Na opinião dos profissionais da GBC-Brasil, as novidades não só ajudarão a termos uma Copa do Mundo mais verde em 2014, no Brasil, como também trarão benefícios para o país após o evento esportivo. "Os torcedores experimentarão os benefícios dos estádios sustentáveis - como melhor conforto e maior visão do gramado, além das vantagens ambientais - e começarão a demonstrar maior interesse nessas arenas esportivas. Logo, os estádios que ainda não estão de acordo com os princípios da construção sustentável sentirão a concorrência e também vão querer elevar seu padrão de qualidade", disse Maria Clara Coracini, que é diretora-executiva da GBC-Brasil.
Já o gerente operacional da ONG, Felipe Faria, lembra de um outro benefício, que está relacionado à paixão do brasileiro pelo esporte e, sobretudo, pelo futebol: "Eventos esportivos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas mobilizam todo o país e, por isso, tem um potencial gigantesco para transmitir mensagens à população. Acredito que, ao chamar a atenção para a questão da sustentabilidade, esses eventos podem ajudar a acelerar o processo de conscientização das pessoas".
Para Faria, ao vivenciar os benefícios das construções sustentáveis, os brasileiros passarão a levar mais em conta os critérios socioambientais na hora de comprar um imóvel. "Isso vai ajudar a aquecer o mercado residencial da construção sustentável, que ainda enfrenta dificuldades. Muitas construtoras alegam que não adotam os princípios da certificação Leed porque os clientes ainda não entendem os benefícios de pagar um pouco a mais pelo imóvel para ter economia financeira e maior bem-estar no futuro. A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 podem ser excelentes oportunidades para mudar essa visão dos consumidores", afirmou.
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