Brasil economizaria até R$ 1 trilhão se adotasse fontes renováveis de energia, diz Greenpeace
“O Brasil pode crescer e gerar mais empregos se apostar em energia renovável no futuro”, diz Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energia do Greenpeace. A ONG ambientalista lançou durante a COP-16, Conferência do Clima, que ocorre até 10 de dezembro, em Cancún, no México, a 2ª edição do relatório “Revolução Energética”.
Segundo a ONG, até 2050, mesmo com a economia crescente, 93% da eletricidade do país pode vir de fontes renováveis de energia, como a solar, eólica e biomassa. Assim, seria possível economizar de R$ 100 bilhões a R$ 1 trilhão neste período.
Em emissões de gases o negócio seria ainda melhor: de 147 milhões de toneladas de CO2 (se os planos de investir em combustíveis fósseis continuarem) para 23 milhões, em 2050 --menos do que é hoje.
Baitelo explica que mesmo com a descoberta de reservas de petróleo no país, esta não seria uma fonte rentável para produção de energia interna, já que custaria mais caro do que a eólica, por exemplo. “A energia nuclear também não é uma saída porque seu impacto ambiental final não compensa e, como as hidrelétricas vão atingir seu teto de fornecimento de energia, precisamos investir para baratear fontes renováveis para não ficarmos dependentes de algo que pode acabar”.
Hoje, o MW por hora da energia eólica é competitivo e chega a R$ 130 ou R$ 140, bem próximo do valor das hidrelétricas que fica de R$ 100 a R$ 120. O grande susto é a energia solar que custa de R$ 500 a R$ 1.000 o MW/h. Por isso, investir em tecnologias nacionais é importante para diminuir este custo e permitir sua disseminação.
Para o ambientalista, a diversificação da matriz energética é um ponto chave: “Se faltar chuva para as hidrelétricas, o governo vai apelar para combustíveis fósseis se não tivermos alternativas”, destaca.
Além disso, 3 milhões de empregos seriam criados para o desenvolvimento e produção de materiais e tecnologia para estas novas matrizes.
“O desenvolvimento de tecnologia eólica no Brasil, por exemplo, é essencial para termos uma maior eficiência neste tipo de gerador. Assim, conseguiria-se mais energia com a mesma quantidade de vento, adaptando o gerador para nossos padrões. E ainda poderíamos exportar esse conhecimento para países que possuem características semelhantes, como a África”, explica Baitelo.
Na projeção do Greenpeace, o Brasil chegaria em 2050 com 45,6% da energia sendo fornecida por hidrelétricas, principalmente pequenas centrais, para reduzir o impacto ambiental. A energia eólica pode atingir 20,38%, a biomassa, 16,6%, a energia solar, 9,26%, e o gás natural (necessário por um período de transição), 7,3%.
Este cenário considera apenas 10% do potencial eólico do país e 1% do solar, mas está distante do modelo atual do governo. Seguindo o ritmo de hoje, em 2050, teríamos 56,31% da energia gerada pela água, 22% de combustíveis fósseis (gás, óleo combustível e carvão), 6,32% de eólica e irrisórios 0,8% de energia solar, de acordo com o relatório.
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