Corte na emissão em países em desenvolvimento é determinante para metas de clima em 2050, diz Agência Europeia
Para limitar o aumento das temperaturas em 2°C até 2050, a redução das emissões nos países em desenvolvimento é mais determinante do que o corte em países industrializados, afirmou a Agência de Avaliação Ambiental da Holanda, na Conferência do Clima, em Cancún, México.
Além disso, estudos da agência indicam que reduções a longo prazo são mais custosas, tanto monetariamente quanto em impactos gerados. O gasto em 2050 seria praticamente o dobro do feito em 2020.
A meta global para 2050 é redução de 50% das emissões sobre 1990, sendo que os países em desenvolvimento teriam que cortar de 30% a 40% sobre 2005, os países desenvolvidos da UE, de 60 a 90% em comparação com 1990, e EUA, de 80% a 95%.
Alterações nas reduções dos países pobres podem fazer com que as reduções globais fiquem em 35% ou 70%, mas a variação de 80% ou 95% dos desenvolvidos não faria tanta diferença no resultado total.
Para isto, os países desenvolvidos teriam que cortar suas emissões, mas a China deveria reduzir suas emissões em 50% comparadas com 2005, enquanto a Índia poderia continuar em crescimento até seu pico de emissão.
O estudo prevê um pico nas emissões chinesas de 2020 a 2025 com lançamento de mais de 12 bilhões de CO2 equivalente por ano. Depois disso, suas emissões teriam que reduzir de 55% a 65% até 2050. Já a Índia, após chegar ao auge de 2030 a 2035, teria que cortar de 60% a 95% sobre os níveis de 2005.
Acordo de Copenhague
As promessas de redução de emissão dos gases do efeito estufa apresentadas pelos países desenvolvidos no Acordo de Copenhague chega a 18% a menos do que as emissões de 1990, mas o necessário seria de 25% a 40%. A meta dos em desenvolvimento fica entre 8 a 10% do que era previsto, quando teria que haver um corte de 15 a 30%.
Brasil (-36%/-39%), África do Sul (-34%), Coreia do Sul (-30%) e Indonésia (-26) prometem reduções consideráveis, mas China e Índia ficam entre 0 e 6% ou 0 e 3%, respectivamente, em cima do que lançariam em 2020.
Isso significa que na melhor das hipóteses, com todos os países atingido o máximo de suas metas, estaríamos ainda a 2 bilhões de toneladas de CO2 equivalente do limite máximo para o aquecimento de 2°C. Se o acordo não for cumprido e as emissões continuarem na mesma toada de agora, seriam 10 bilhões de toneladas a mais.
A solução proposta pelo analista climático da Agência, Michel den Elzen, é que China e Índia adotem planos nacionais de redução de emissões, que as emissões por desmatamento sejam reduzidas em 50% até 2020, que regras para impedir o aumento do uso de terras de florestas sejam adotadas, que metas para aviação e marinha internacional sejam impostas e ainda a necessidade de um adicional de redução para os países desenvolvidos em 25%.
Mas mesmos as metas sofrem riscos de não serem cumpridas. As dos países mais pobres, por exemplo, dependem de financiamento internacional e podem ocorrer menores reduções devido à falta de precisão de quanto é emitido pelo desmatamento e também por estipular que o crescimento seria maior do que será (a China atrela seus cortes ao PBI, afirma que irá diminuir a quantidade de gases emitidos por dólar gerado em sua economia).
Entre os países desenvolvidos, as incertezas são quanto a projetos contados duas vezes, mau uso da terra e os créditos de países do Leste Europeu e Rússia que são contados para equilibrar as contas do bloco como um todo e que podem não estar mais disponíveis no futuro.
Assim, os EUA teriam que finaciar ações de desmatamento em outros países para compensar o que deveriam cortar e não irão e os países em desenvolvimento precisariam de financiamento para atingir a redução necessária para que as temperaturas não passassem dos 2°C.
Custos
Os custos para se chegar às promessas seriam proporcionalmente os mesmos para países ricos e pobres, sendo que Rússia, Ucrânia, China e Índia teriam os menores gastos.
Para a menor expectativa seriam gastos 0,1% do PIB em 2020 e para o melhor dos cenários seriam 0,2% do PIB. Para o Brasil, como as metas são altas, os custos seriam de 0,3% a 0,4% do PIB em 2020.
Além disso, o analista prevê que adiar o cumprimento das metas, atingido o mesmo patamar em 2050, elevaria os custos e os riscos climáticos. Isso exigira cortes de mais de 4% o ano no período de 2020 a 2050 para se chegar a reduções de 40% a 45% sobre 1990. O total global de custos com a redução das emissões está projetado para U$ 60 a U$ 100 bilhões.
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