Sustentabilidade pelas paredes

Fabricantes de tintas investem em revestimentos com pegada ecológica, mais eficientes e menos nocivos à vida

POR LEILA SOUZA LIMA
Rio - A proposta de uma vida mais saudável e em respeito a valores de sustentabilidade agora pode ser materializada também nas paredes dos imóveis. Depois de testar e verificar que são viáveis economicamente, fabricantes de tintas vêm lançando produtos com pegada ecológica que agridem menos o meio ambiente e a saúde de pessoas e animais. Entre os materiais já em oferta no mercado, há até tintas com componentes feitos a partir de PET reciclado. Outra transformação é a redução ou total eliminação de derivados do petróleo em alguns compostos, o que freia a poluição e o gasto das empresas com tratamento de efluentes na cadeia produtiva.

A Basf, que detém a marca Suvinil, fincou definitivamente sua bandeira ecológica em 2002, quando lançou vernizes e tintas em que a resina é feita 100% a partir de garrafas PET. Para esse processo, já foram retirados do meio ambiente mais de 400 milhões de embalagens no País — 20 mil toneladas. São recicladas 50 milhões de PETs ao ano. Foram US$ 3 milhões para pesquisa e desenvolvimento. A nova resina também é mais resistente ao gradual amarelamento. O outro ganho, social, foi geração de 2 mil postos de trabalho em cooperativas de catadores.

RESULTADOS CAPITALIZADOS

“Na verdade, a companhia vem investindo em produtos de menor impacto ambiental desde a década de 80. Mas até há alguns anos atrás, falava-se muito mais em reaproveitamento de latinhas”, observa Mirian Zanchetta, gerente de Propaganda e Promoção para a Suvinil.

Em 2006, a marca colocou no mercado o esmalte à base de água em substituição a solventes orgânicos. “Tem baixo odor, agride menos o meio ambiente e a saúde das pessoas”, diz Mirian. Como as experiências deram resultados, a marca relançou a linha acrílica sem cheiro e com baixo teor de compostos orgânicos voláteis, com menos respingos, o que produz outro resultado ecoeficiente: reduz o uso de química na limpeza.

Empresas “conversam” mais com consumidores

A Coral, marca da Akzonobel, também se reposicionou, de olho em questões como saúde, reciclagem de PET, redução de agentes químicos e das emissões de CO2 (gás carbônico). “A Coral foi uma das primeiras fabricantes a eliminar completamente o chumbo dos produtos. Só que não havia divulgação, porque não se falava muito sobre o tema. Atualmente, as empresas estão conversando mais com os consumidores”, diz Elaine Poço, diretora de Tecnologia para o Mercosul da Akzonobel. 

Segundo ela, outra substância retirada das fórmulas é o sal de cobalto, alvo de estudos por seu possível potencial cancerígeno mais elevado. Entre os revestimentos lançados este ano pela companhia com perfil ecoeficente e de preservação, estão as tintas mais iluminadas, que reduzem o gasto com energia elétrica. “É claro que o resultado depende também da decoração e arquitetura”, ressalta Elaine.

Outra linha de produtos pode ser diluída com até 60% de água em vez de 20%. Isso significa menos material e transporte, por isso menos emissão de CO2, e quantidade bem inferior de latas descartadas no meio ambiente. 

Mas convencer de que os novos produtos têm a mesma eficiência sem perder clientela é outra empreitada. “Quando o consumidor usa por anos verniz com solvente, ele acha que é melhor. Imagine convencer de que metal pode ser pintado com produto à base de água? Mas é uma mudança necessária”, prega Elaine

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